Segundo um relatório da Greepeace, a Rússia está a construir uma rede elétrica na zona ocupada da Ucrânia, a sueste do país, para ligar à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, com planos de a reativar. A imagem de satélite, publicada pelo The New York Times, dá conta dos planos de Moscovo em reativar e explorar a energia da central nuclear que está desativada desde que esta parte do território caiu nas mãos dos russos.

A central nuclear foi capturada pela Rússia, logo no início da guerra, na altura correndo o risco de um desastre nuclear. O jornal diz que os especialistas alertaram dos riscos elevados de qualquer tentativa de ativar a central, no seu estado atual. Depois de mais de três anos de guerra, muitos dos equipamentos críticos da central não foram substituídos e grande parte dos funcionários especializados ucranianos já fugiram do local.

O relatório partilhado com o The New York Times refere que desde fevereiro que a Rússia está a construir as linhas de eletricidade. São mais de 50 milhas de linhas elétricas e postes, como é possível ver na imagem. A linha estende-se entre as cidades ucranianas ocupadas de Mariupol e Berdyansk, seguindo pela costa do mar Azov. O relatório foi acompanhado por imagem de satélite que foi verificada pelo jornal.

Imagem satélite linha elétrica para ligar ligada à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia
Imagem satélite linha elétrica para ligar ligada à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia Imagem satélite da linha elétrica em construção pela Rússia para ligar à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia na Ucrânia. Créditos: Greenpeace / The New York Times

Na revisão da imagem de satélite, o Greenpeace diz que as linhas elétricas vão ser ligadas a uma subestação perto de Mariupol, que estava ligada à central nuclear ucraniana de Zaporizhzhia, localizada a cerca de 225 quilómetros. Os especialistas dizem que para reiniciar a central, os russos precisam de novas linhas elétricas. Mas é um processo que demora tempo e que poderá fazer parte de um plano pós-guerra, eventualmente utilizar a energia elétrica gerada para os interesses da Rússia.

Para se ter uma ideia da dimensão da central nuclear, construída ainda no tempo da União Soviética, esta é o maior complexo nuclear europeu. Os seis reatores podem gerar até seis gigawatts de eletricidade, sendo o suficiente para alimentar energeticamente Portugal. Antes o início da guerra, esta alimentava quase um quarto da rede elétrica da Ucrânia.

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O The New York Times refere ainda que Donald Trump prefere que sejam os Estados Unidos a tomar conta das centrais nucleares ucranianas, como parte do plano de paz avançado que já tinha sido avançado em março pelo jornal. Neste plano, a Rússia devolveria a central à Ucrânia, mas gerida pelos Estados Unidos, para que fosse fornecido eletricidade os dois países em guerra. Plano que terá sido rejeitado pela Rússia.

A central necessita de quatro linhas de 750 kV para ser reiniciada, sendo que duas passam pelo território ucraniano e as outras duas pelo território ocupado pela Rússia. Estas duas foram danificadas durante a guerra, mas uma já foi reparada. Isso obriga a Rússia a construir novas linhas para ativar a central.